Monday, October 10, 2005

Pobre Menino Rico (atualizado)

Aguentem a mão que logo isso será substituido por uma resenha de "O Apanhador no Campo de Centeio" do Salinger. Sem paranóias.

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Killer Instinct On - Ultra Combo.

Caulfield, Clint & Lee, a filha irlandesa do Kajuru e o Ed aos quarenta anos.

Precisava de uma leitura nova. Como Ed tinha tomado posse do meu "Kill Me Please" e as risadas que ele dava ao ler o livro foram me deixando emputecido, resolvi voltar pra casa. No caminho, lembrei de Mark Chapman ao ver um carinha usando óculos de lente redonda. Decidi ler Catcher In the Rye.
Bom, para aqueles que não sabem do que se trata esta obra, vamos colocar a par dos fatos.

1) É BOM, MAS NÃO É DEUS.
2) HOLDEN CAULFIELD NÃO É O GRANDE ANTI-HERÓI AMERICANO.
3) NÃO MUDOU MINHA VIDA.


Agora podemos falar. A história começa com um desabafo do protagonista Holden Caulfield, menino rico da Park Avenue de NY, que está se eximindo da obrigação de contar a sua vida como se fosse uma passagem de Charles Fucking Dickens. Ele está numa casa de repouso para pessoas com nervos abalados, foi parar lá por virtude de uma crise de nervos depois de ser expulso de sua quarta escola de ricos. Simplesmente boicotava as aulas por achar que seus companheiros eram panacas de mais. "Fora de Brincadeira", em suas palavras. Depois de ser expulso e tomar uma carcada de seu professor de História, ele volta para seu alojamento e dá de cara com seus companheiros "mais ou menos" chegados, o porco Ackley e o insosso Stadlater. A dança da náusea e do sarcasmo do protagonista foram tomando proporções geométricas no momento em que soube que Stadlater havia saído com um de seus affairs antigos, uma certa Jane Gallagher. Depois de uma coça de seu companheiro, decidiu ir embora daquele pardieiro e ganhar o mundo uns tempos para poder esfriar a cabeça. As andanças do pobre menino rico na Manhattan de 50, juntamente com as lembranças de seus irmãos Allie (seu favorito, já falecido), D.B., o roteirista de Hollywood e a pequena Phoebe, a ruivinha que habita os desejos subconscientes do jovem Caulfield sem ele mesmo saber. Ou não.
A mente de Caulfield é coberta de lembranças recalcadas, o recalque maior sobre seus companheiros obrigatórios e a solidão do personagem na "teenage wasteland" que é a "Média Adolescencia".
Talvez pelo próprio ritmo da narrativa ser baseado nos delírios e desventuras do jovem desnorteado, tenha tido o estigma de ser um livro "psicótico". Mas nem é, viu. Esperava mais.

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Dos "Filmes que Alugo quando Chego em Jacareí", resolvi pegar um crássico dos crássicos. A parte final da trilogia de Sergio Leone, "Tres Homens em Conflito" ou "O Bom, o Mau e o Feio".
O roteiro não é muito diferente de qualquer fumetti que você possa imaginar. Em plena Guerra Civil, um caubói sem vergonha na cara e seu sócio bandoleiro chicano (Blondie e Tuco, Clint Eastwood e Eli Buchmann) fazem o "golpe do Flautista de Hamelin" nos territórios da Fronteira, onde Blondie entrega o sócio para depois resgatá-lo no momento do enforcamento, para ir até uma nova cidade e resgatar de novo a recompensa. Paralelamente a isso, o assassino contratado Angel Eyes (Lee Van Cleef) está no rastro de um roubo milionário (ok, não tão milionário assim, mas ainda sim é uma grana lascada) de 200 mil dolares desviados do Exército Confederado. Pela ironia do destino, os três são colocados a par da existência de tal fábula de dinheiro e precisam ora cooperar, ora passar a perna um no outro para chegar primeiro na bolada.
Filmes do Sergio Leone são sempre a mesma coisa, se olhar friamente: Eastwood, um cara de pedra (Van Cleef ou Charles Bronson), planos longos entrecortados com closes empáticos, temas que ficam na cabeça (quem não conhece o tema de The Good, The Bad and The Ugly?) e um enredo com reviravoltas que fazem com que o fã de Western Spaghetti fique curioso para saber onde vai ser a próxima curva acentuada. As atuações de Clint, Lee e Eli estão formando a trinca ideal. O bonzinho de poucas palavras, o mau de olhar sádico (detalhe para a cena do Coro dos Prisioneiros, onde Angel Eyes tortura Tuco para saber mais da localização do tesouro enquanto do lado de fora os prisioneiros cantam uma canção do Sul para mostrar que alguém está no pau-de-arara) e o "mexicano comédia" que mistura ironia com a fina flor da joselitice.

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O outro filme, foi "Veronica Guerin - o Custo da Coragem". Filme feito para levantar o moral de estudantes de jornalismo desacorsoados com o curso.
Conta a história da jornalista Veronica Guerin, do Dublin Independent que sai da pauta de escandalos religiosos de denúncia contra padres para comprar uma "press war" contra os barões do narcotráfico dublinense - como se mexer com católicos na Irlanda não fosse emocionante demais para uma pessoa. Só que ela não conta com recursos como o finado vacilão Tim Lopes. Ela vai nas bocas de fumo, com seu carro de família, estaciona e pergunta pro povo "Quanto estão faturando com esse lance de drogas?". Com ajuda dos investigadores da Garda (a polícia irlandesa) ela vai descobrindo como e quando os chefes acabam lavando dinheiro da heroína para terem a boa vida que possuem.
Impossível não associá-la à falta de noção (de um aspecto positivo) de um outro jornalista brasileiro, o "meu papai" Jorge Kajuru. Só os dois chegariam na casa de um barão da droga local e perguntariam "Como o senhor conseguiu o dinheiro para pagar essa enorme casa?". Creio que Kajuru não teria saído sem dar um soco na cara do Chefão, como fez a versão irlandesa.
Guerin foi morta após sair de um tribunal em Dublin depois do julgamento de um recurso sobre multas de trânsito atrasadas. Tomou um drive-by de um motociclista e mais seis pipocos à queima-roupa. Antes disso, havia ganho um prêmio do Comitê de Proteção aos Jornalistas pelos serviços prestados, e depois disso acabou forçando a adoção de medidas para congelar as pernas financeiras de suspeitos de tráfico de drogas. REalmente a Irlanda é o Brasil na Europa; só que com bolas.
Cate Blanchett, a Galadriel da trilogia fantasy-GLS "O Senhor dos Anéis" conseguiu um feito ao encarnar uma personagem real de uma maneira fodidamente convincente. Nos extras do DVD há uma gravação de um discurso da verdadeira Guerin no CPJ, cuja versão "semi-ficcional" acabou sendo suprimida no produto final. Destaque para uma ponta que Colin Farrell, o novo bad guy de Roliudi.

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Sobre "O Virgem de 40 Anos"... Vou ser bem sincero. ALUGUE "PORKY'S".

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